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Ministro da Economia prejudica o País

01 agosto 2014

 

A decisão do Ministério da Economia de retirar o apoio financeiro ao WRC Rally de Portugal é exclusivamente política e não tem qualquer fundamento técnico ou científico. António Pires de Lima, ministro da Economia, Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo e Joao Cotrim Figueiredo, presidente do Turismo Portugal, todos do CDS, tomaram uma decisão que lesa o País em vários milhões de euros.
O WRC Rally de Portugal constitui o único grande evento passível de avaliação objetiva dos impactos na economia do turismo nacional, fruto da avaliação externa que desde 2007 a Universidade do Algarve realiza, inquirindo até hoje um total de 8.761 adeptos, cujos dados são organizados e processados através de metodologias publicadas a nível científico internacional. 
Esta monitorização, para além de quantificar e analisar a dimensão turística e económica inerente aos fluxos gerados no evento e pós evento, materializa também a iniciativa do ACP em anualmente prestar contas pela utilização de dinheiros públicos, em particular face à estimativa do retorno do patrocínio do Turismo de Portugal. 
Os números são amplamente divulgados, mas importa relembrar os principais indicadores, uma vez que o Ministério da Economia revelou um desconhecimento ofensivo dos mesmos:
Durante as sete edições do WRC Rally de Portugal e com suporte em dados extrapolados para o estudo com base nas informações emitidas pela GNR sobre a segurança do público ao longo dos troços, o Rally de Portugal atraiu um número de visitantes anual que ronda os 350  a 400 mil;
Estes turistas – incluindo os que visitaram o País pela primeira vez e que representam cerca de 26,1% do total -, expressam uma intenção de regresso a Portugal nos próximos três anos noutras épocas do ano (sem Rally), em 83,6% dos casos no verão e 60,6% no inverno. Esta constatação é uma demonstração inequívoca da participação do WRC Rally de Portugal na recuperação de fluxos e receitas turísticas que o País vem demonstrando nos últimos anos, designadamente em 2013 com mais 5,2% de dormidas em estabelecimentos hoteleiros e mais 7,5% de receitas turísticas;
No acumulado das 7 edições o WRC Rally de Portugal atraiu e gerou uma new expenditure no turismo, isto é, uma despesa diretamente introduzida pelos adeptos na economia nacional, atingindo o acumulado de 348,2 milhões de euros de impacto direto a preços constantes e que ultrapassa os 500 milhões se contabilizado o AEV (Advertising Equivalent Value);
Sendo o apoio público acumulado do Turismo de Portugal para esse período na ordem dos 6,4 milhões de euros, tal significa que nos últimos sete anos por cada 1,00 € de investimento público foram gerados na economia nacional 54,42€ de despesa direta pelos adeptos do WRC Rally de Portugal;
Seria interessante comparar o valor deste multiplicador do WRC Rally de Portugal com outros eventos ou investimentos de captação de fluxos turísticos apoiados. São ínfimos os promotores/organizadores/financiadores que assumem a responsabilidade de realizar no terreno a avaliação do retorno efetivo da utilização de dinheiros públicos.
Cumulativamente face ao padrão de despesa nos vários tipos de consumo de bens e serviços pelos 350.000 a 400.000 turistas, é possível estimar com algum grau de aproximação que só em impostos diretos sobre o consumo, os turistas gerados pelo WRC Rally de Portugal proporcionaram ao Estado ao longo das sete edições uma receita fiscal na ordem mínima dos 74,1 milhões de euros.
Quanto à descoberta da adaptação da promoção externa ao marketing digital pelo Ministério da Economia para 2015, refira-se que durante o Rally e a semana que o antecede, o website WRC.COM dedicado ao WRC Rally de Portugal regista em média entre 760.000 a 1 milhão de visitas. Já na edição de 2013 foi atingido o referido milhão de visitas em apenas 10 dias, entre 30 de Março a 8 de Abril, com origem maioritária em mercados como Polónia, França, Espanha, Reino Unido e Finlândia.
O Ministério da Economia anunciou uma alteração estratégica do modelo de promoção do destino Portugal, como tendo início em “meados de 2011”. Nesta mudança que se terá iniciado há três anos, uma das medidas alternativas agora apresentadas pelo ministério consiste na concessão de um apoio no valor de 900.000 euros à companhia aérea low cost EasyJet para a criação de uma base no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a qual aí colocará 2 aviões Airbus A320 (165 passageiros cada). Este apoio foi esclarecido que terá por objeto “ações promocionais das rotas a operar a partir do Porto”.
Em economia admitir-se-ia como condição necessária à decisão conhecer a priori o retorno estimado desta nova utilização de dinheiros públicos, bem como o respetivo custo de oportunidade pelo não investimento alternativo. Para este exercício seria necessário que o Ministério da Economia, no momento da decisão, possuísse a resposta objetiva a três questões: 
Quais as rotas que esses dois aviões Airbus A320 de 165 passageiros cada vão operar? Estão essas rotas de acordo com as políticas e mercados prioritários definidos pelo turismo do Porto e Norte de Portugal? Em resposta a easyJet remete o anúncio das rotas para Setembro ou Outubro do corrente ano.
O segmento low cost caracteriza-se por operar em muitas rotas e pela capacidade de mudar rapidamente a sua actividade para aeroportos alternativos, pelo que, num cenário contingente futuro em que o Ministério da Economia retire o financiamento, a easyJet mantém a base no Porto ou abandona-a?
Finalmente, dos atuais 800 mil passageiros/ano transportados pela easyJet a partir do Porto (os quais representam 400 mil turistas dado que um turista são dois movimentos - ida e volta -, e sem contabilizar o número de residentes incluídos nestes voos), qual o crescimento esperado de passageiros gerado com as novas rotas? Em resposta, a easyJet escusa-se a avançar com previsões de crescimento com o investimento agora anunciado.
Neste último âmbito, e admitindo-se um conjunto hipóteses sobre o funcionamento desta base em termos de rotas, número de voos diários das aeronaves com chegada ao Porto e respetivas taxas de ocupação, o que inclui o funcionamento mais intenso durante o Verão IATA (sensivelmente março a outubro) e menor no inverno, poder-se-á projetar a seguinte tabela comparativa de retornos face ao apoio público concedido: 

A decisão do Ministério da Economia de retirar o apoio financeiro ao WRC Rally de Portugal é exclusivamente política e não tem qualquer fundamento técnico ou científico. António Pires de Lima, ministro da Economia, Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo e Joao Cotrim Figueiredo, presidente do Turismo Portugal, todos do CDS, tomaram uma decisão que lesa o País em vários milhões de euros.

O WRC Rally de Portugal constitui o único grande evento passível de avaliação objetiva dos impactos na economia do turismo nacional, fruto da avaliação externa que desde 2007 a Universidade do Algarve realiza, inquirindo até hoje um total de 8.761 adeptos, cujos dados são organizados e processados através de metodologias publicadas a nível científico internacional. 

Esta monitorização, para além de quantificar e analisar a dimensão turística e económica inerente aos fluxos gerados no evento e pós evento, materializa também a iniciativa do ACP em anualmente prestar contas pela utilização de dinheiros públicos, em particular face à estimativa do retorno do patrocínio do Turismo de Portugal. 

Os números são amplamente divulgados, mas importa relembrar os principais indicadores, uma vez que o Ministério da Economia revelou um desconhecimento ofensivo dos mesmos:

a) Durante as sete edições do WRC Rally de Portugal e com suporte em dados extrapolados para o estudo com base nas informações emitidas pela GNR sobre a segurança do público ao longo dos troços, o Rally de Portugal atraiu um número de visitantes anual que ronda os 350  a 400 mil;

b) Estes turistas – incluindo os que visitaram o País pela primeira vez e que representam cerca de 26,1% do total -, expressam uma intenção de regresso a Portugal nos próximos três anos noutras épocas do ano (sem Rally), em 83,6% dos casos no verão e 60,6% no inverno. Esta constatação é uma demonstração inequívoca da participação do WRC Rally de Portugal na recuperação de fluxos e receitas turísticas que o País vem demonstrando nos últimos anos, designadamente em 2013 com mais 5,2% de dormidas em estabelecimentos hoteleiros e mais 7,5% de receitas turísticas;

c) No acumulado das 7 edições o WRC Rally de Portugal atraiu e gerou uma new expenditure no turismo, isto é, uma despesa diretamente introduzida pelos adeptos na economia nacional, atingindo o acumulado de 348,2 milhões de euros de impacto direto a preços constantes e que ultrapassa os 500 milhões se contabilizado o AEV (Advertising Equivalent Value);

d) Sendo o apoio público acumulado do Turismo de Portugal para esse período na ordem dos 6,4 milhões de euros, tal significa que nos últimos sete anos por cada 1,00 € de investimento público foram gerados na economia nacional 54,42€ de despesa direta pelos adeptos do WRC Rally de Portugal;

e) Seria interessante comparar o valor deste multiplicador do WRC Rally de Portugal com outros eventos ou investimentos de captação de fluxos turísticos apoiados. São ínfimos os promotores/organizadores/financiadores que assumem a responsabilidade de realizar no terreno a avaliação do retorno efetivo da utilização de dinheiros públicos.

f) Cumulativamente face ao padrão de despesa nos vários tipos de consumo de bens e serviços pelos 350.000 a 400.000 turistas, é possível estimar com algum grau de aproximação que só em impostos diretos sobre o consumo, os turistas gerados pelo WRC Rally de Portugal proporcionaram ao Estado ao longo das sete edições uma receita fiscal na ordem mínima dos 74,1 milhões de euros.

g) Quanto à descoberta da adaptação da promoção externa ao marketing digital pelo Ministério da Economia para 2015, refira-se que durante o Rally e a semana que o antecede, o website WRC.COM dedicado ao WRC Rally de Portugal regista em média entre 760.000 a 1 milhão de visitas. Já na edição de 2013 foi atingido o referido milhão de visitas em apenas 10 dias, entre 30 de Março a 8 de Abril, com origem maioritária em mercados como Polónia, França, Espanha, Reino Unido e Finlândia.

h) O Ministério da Economia anunciou uma alteração estratégica do modelo de promoção do destino Portugal, como tendo início em “meados de 2011”. Nesta mudança que se terá iniciado há três anos, uma das medidas alternativas agora apresentadas pelo ministério consiste na concessão de um apoio no valor de 900.000 euros à companhia aérea low cost EasyJet para a criação de uma base no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a qual aí colocará 2 aviões Airbus A320 (165 passageiros cada). Este apoio foi esclarecido que terá por objeto “ações promocionais das rotas a operar a partir do Porto”.

Em economia admitir-se-ia como condição necessária à decisão conhecer a priori o retorno estimado desta nova utilização de dinheiros públicos, bem como o respetivo custo de oportunidade pelo não investimento alternativo. Para este exercício seria necessário que o Ministério da Economia, no momento da decisão, possuísse a resposta objetiva a três questões: 

1. Quais as rotas que esses dois aviões Airbus A320 de 165 passageiros cada vão operar? Estão essas rotas de acordo com as políticas e mercados prioritários definidos pelo turismo do Porto e Norte de Portugal? Em resposta a easyJet remete o anúncio das rotas para Setembro ou Outubro do corrente ano.

2. O segmento low cost caracteriza-se por operar em muitas rotas e pela capacidade de mudar rapidamente a sua actividade para aeroportos alternativos, pelo que, num cenário contingente futuro em que o Ministério da Economia retire o financiamento, a easyJet mantém a base no Porto ou abandona-a?

3. Finalmente, dos atuais 800 mil passageiros/ano transportados pela easyJet a partir do Porto (os quais representam 400 mil turistas dado que um turista são dois movimentos - ida e volta -, e sem contabilizar o número de residentes incluídos nestes voos), qual o crescimento esperado de passageiros gerado com as novas rotas? Em resposta, a easyJet escusa-se a avançar com previsões de crescimento com o investimento agora anunciado.

Neste último âmbito, e admitindo-se um conjunto hipóteses sobre o funcionamento desta base em termos de rotas, número de voos diários das aeronaves com chegada ao Porto e respetivas taxas de ocupação, o que inclui o funcionamento mais intenso durante o Verão IATA (sensivelmente março a outubro) e menor no inverno, poder-se-á projetar a seguinte tabela comparativa de retornos face ao apoio público concedido: 

Nota: Neste cenário a easyJet deverá atingir uma quota próxima dos 20% do total de passageiros no Aeroporto Francisco Sá Carneiro

Os dados estimados demonstram que 1,00€ de apoio público no WRC Rally de Portugal produz um retorno comprovado de 54,42€ na economia através dos gastos efetuados pelos turistas, enquanto o mesmo euro aplicado na base low cost produzirá um retorno estimado de 31,01€, isto é, menos 43% que a opção já testada ao longo dos últimos sete anos no apoio ao WRC Rally de Portugal.

Para além do diferencial de retorno no confronto de ambas as opções, é relevante verificar que num contexto de fragilidade económica nacional, o Ministério da Economia decidir investir 900 mil euros na “opção” low cost desconhecendo:
- Quais as rotas que a easyJet vai operar a partir da base do Porto;
- Se a instalação da companhia no Aeroporto Francisco Sá Carneiro é estrutural ou meramente conjuntural em função de um benefício público;
- Qual o valor do efetivo retorno desse apoio sobre a economia e o turismo.
Isto quando em alternativa tem informação detalhada sobre sete anos de análise acerca do WRC Rally de Portugal em termos de:
- Quais os mercados turísticos tradicionalmente captados pelo WRC Rally de Portugal, qual a imagem retida do evento e do destino, qual o comportamento desse turista no território e qual a intenção de regresso, entre outros aspetos;
- Estar perante uma opção estrutural de um grande evento que envolve mais de 1.100 pessoas na sua organização anual, realizado em Portugal com projeção mundial pela integração no campeonato do mundo WRC, o qual atinge uma audiência global de 607 milhões em canais TV e superior a 13.600 milhões em formato online;
- Conhecer o valor do efetivo retorno económico desse apoio sobre a economia do turismo, acrescendo ainda as expectativas positivas de progressão deste indicador pelo facto do Rally ao disputar-se na região Norte poder vir a atrair um ainda maior número de adeptos/turistas.
Não deixa de ser uma enorme coincidência no momento em que é decidido levar finalmente o WRC Rally de Portugal para o Norte, o Ministério da Economia anuncie a sua retirada de apoio. 
Mais ainda quando todas as previsões apontam para que o impacto económico provocado pelo WRC Rally de Portugal no Norte venha a ser muito superior do que nas edições anteriores.
Portugal é um País pequeno, mas relevante no que ao WRC diz respeito. Lamentavelmente, os responsáveis do Ministério da Economia apenas quiseram ficar no primeiro qualificativo.
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