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Homenagem no Rally de Portugal celebra piloto Jorge Ortigão

Jorge Ortigão foi surpreendido com a presença de uma réplica fiel do Toyota Corolla GT Coupé que conduziu com brilhantismo no Rally de Portugal de 1986.
21 maio 2025

No coração pulsante do Rally de Portugal 2025, em plena Exponor, a Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal promoveu um momento especialmente marcante e carregado de simbolismo. O espaço da equipa, dinamizado pela Sports & You, encheu-se de amigos de longa data, admiradores e jornalistas para celebrar os 75 anos de vida de Jorge Ortigão, um dos nomes maiores dos ralis portugueses e dos mais destacados pilotos nacionais da marca japonesa nos anos 80.

Com a presença dos seus dois filhos e rodeado de um público comovido, Jorge Ortigão foi surpreendido com a presença de uma réplica fiel do Toyota Corolla GT Coupé que conduziu com brilhantismo no Rally de Portugal de 1986. Nessa edição, alcançou o 4.º lugar da classificação geral, o melhor registo de sempre de um piloto português na prova, e venceu a competitiva classe A6, com Pedro Perez como navegador, aos comandos de um carro inscrito pela Salvador Caetano / Mobil.

Mas a história de Ortigão com a Toyota começou muito antes. Em 1980, depois de ficar sem carro para competir, aceitou o desafio de alinhar no Rally de Portugal com um modesto Toyota Starlet 1000, num gesto de coragem e paixão que hoje é contado como uma lenda:

“O Starlet era quase mais uma ideia do que um verdadeiro carro de ralis, mas eu acreditava no seu potencial. O Dr. Jorge Soares, Diretor Comercial da Salvador Caetano na altura, confiou em mim e disse: “Leve o carro, mas nós não sabemos de nada, nem temos nada a ver com isso...” No fim da Volta a Portugal, só sete carros terminaram. Nós fomos sextos. Liguei-lhe logo e deu para perceber no seu tom de voz o alívio que sentiu. Foi um momento inesquecível.”

A partir desse ponto, iniciou-se uma ligação sólida com a Salvador Caetano que durou até 1988. Guiou um Starlet 1300 (o célebre “Starlet amarelo”) com o qual superou todas as expectativas no Rally de Portugal de 1981, terminando em 14.º da geral e vencendo a classe. Mais tarde, já com os Toyota Corolla GT Coupé, em várias configurações e evoluções, deixou marca nos troços portugueses e nas classificações, graças à sua consistência, técnica e conhecimento profundo do terreno.

A carreira de Jorge Ortigão começou em 1973, com a conquista do título de Iniciados do Regional Norte. Ao longo de 16 participações no Rally de Portugal, alinhou ao volante de máquinas tão diversas quanto míticas: o Datsun 1200 GX, o Opel 1904 SR da Arbo, os referidos Starlet e Corolla, sempre com uma abordagem determinada e consistentes. Destacou-se ainda com vitórias noutras provas de relevo, como a Volta à Ilha de São Miguel nos Açores, e foi mesmo retratado numa das histórias do universo de Michel Vaillant, um feito muito raro entre os pilotos lusos.

Na cerimónia, visivelmente emocionado, confessou:

“As saudades são muitas. Esta homenagem foi uma verdadeira surpresa. Sabia que vinha cá, mas não com este espírito tão bonito. Fiquei logo surpreso com o Corolla lá fora, mas não imaginava a moldura humana que aqui se reuniu para esta iniciativa. Estou aqui com uma enorme gratidão e uma boa dose de humildade. Obrigado”

Mais do que uma justa celebração de um percurso ímpar, este tributo simboliza também a ligação entre a história da Toyota nos ralis e o presente vitorioso da marca no Mundial. Aos 75 anos, Jorge Ortigão continua a ser um nome que se escreve com respeito e admiração. Um piloto eterno, como bem disseram alguns dos presentes, e um dos rostos que ajudou a transformar este nosso Rally de Portugal num verdadeiro património nacional do desporto motorizado.

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