Estrear-se no Vodafone Rally de Portugal é, por si só, um enorme desafio para qualquer piloto. Mas quando se corre contra o cronómetro e, ao mesmo tempo, contra os limites impostos por uma doença crónica, o significado de superação ganha outra dimensão.
Rachele Somaschini tem 31 anos, é natural de Milão e vive com fibrose quística, uma condição genética hereditária grave que afeta os pulmões e o trato digestivo e que leva a graves dificuldades respiratórias, mas também digestivas.
Mesmo assim, em 2025, Rachele decidiu enfrentar os troços de terra e pedra da ronda portuguesa do mundial de ralis ao volante de um Citroën C3 Rally2, acompanhada pelo navegador Nicola Arena, na exigente categoria WRC2. Apoiada pela equipa RS Team e por um vasto grupo de voluntários da Delegação FFC de Milão, Rachele conseguiu criar uma rede de solidariedade que vai muito além das pistas. Desde 2016, lidera o projeto solidário #CorrerePerUnRespiro, que já angariou mais de 470 mil euros para a investigação científica, através da Fondazione Ricerca Fibrosi Cistica.
“Já andei no rali de Fafe, mas é a minha primeira vez neste Vodafone Rally de Portugal. É realmente muito bonito, mas extremamente difícil para mim. A terra e o pó, comuns neste tipo de pisos, tornam tudo mais perigoso e exigente para mim, especialmente porque sou afetada pela fibrose quística. É uma doença que compromete os pulmões, e por isso tenho de ser extremamente cuidadosa.”
Mas estar presente na prova portuguesa também é importante por outra razão: como uma forma de dar visibilidade à fibrose quística e à investigação científica. Como sugere Rachele Somaschini, “se quiserem saber mais, pesquisem sobre a fibrose quística e sobre o projeto Correre per un respiro. A vossa ajuda faz mesmo toda a diferença.”
Rachele já competiu no campeonato italiano, no campeonato europeu e agora está num programa completo neste Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) de 2025. Tem títulos conquistados nas séries TER Ladies em 2022 e 2023 e uma carreira feita de tenacidade. Mas, como não se cansa de referir, a piloto italiana não corre apenas por resultados: corre por cada respiração, por cada uma das vidas tocadas por esta doença. E agora, também pelo carinho e admiração dos fãs portugueses.